Em entrevista publicada em “O Mirante” de 02 de Junho de 2011 o Vereador da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira Rui Rei, eleito por uma coligação com muitas siglas, militante do PSD, resolveu mimar-me com um ataque baixo. Diz ele, logo nas primeiras linhas: “Fizeram há pouco tempo uma entrevista a um ilustre socialista deste concelho (Luís Capucha, que defendeu que a base sociológica do concelho é de esquerda) que há poucos dias usou o aparelho de Estado para defender o PS com as Novas Oportunidades. Espero que se existir justiça ele venha a ser questionado. Foram feitos contactos directos a um conjunto de cidadãos, não para defender um programa, mas defender um partido e acho isso errado”. Questionado se estava a referir-se aos testemunhos das Novas Oportunidades respondeu (foi a sua segunda resposta) que “Não são só os testemunhos. É a forma como se forçou um conjunto de gente a ir ao Ateneu com Sócrates como resposta à visita de Passos Coelho a Vila Franca de Xira. Participaram funcionários da Câmara, de escolas e uma empresa que deveria ser isenta, a Solvay”.
Vamos aos factos. O Partido Socialista resolveu responder à desconsideração demonstrada por Passos Coelho para com mais de meio milhão de portugueses, ao expressar a sua ideologia elitista e conservadora expressa na declaração de que a Iniciativa Novas Oportunidades certificava a ignorância.
Sou militante e membro da Comissão Política Concelhia de Vila Franca de Xira do Partido Socialista. Nessa qualidade fui contactado por outra militante, Maria da Luz Rosinha, para ajudar a organizar uma sessão pública do PS destinada a denunciar o vil ataque perpetrado por Passos Coelho contra os portugueses que fazem o esforço de melhorarem as suas qualificações, os profissionais que todos os dias, com seriedade e muita dedicação, dão o melhor de si para concretizar o desígnio nacional de melhorar as competências dos portugueses, e às políticas de educação e formação que o governo tem levado à prática. Ajudei a organizar essa sessão no Ateneu Artístico Vilafranquense, na qual participou o secretário-geral do PS José Sócrates, entre muitas outras pessoas que, tanto quanto me foi dado entender a mim e a quantos, em grande número, estavam presentes, quiseram dar o seu testemunho. Falei com três ou quatro camaradas do meu partido no âmbito da organização da sessão, e com absolutamente mais ninguém. Participei na sessão como cidadão e militante do PS, utilizando um dia de férias.
Rui Rei vai ter de provar que eu utilizei o aparelho de Estado como diz, ou terá de assumir que é um mentiroso sem remissão. Não apenas um oportunista político que até de esquerda é capaz de se dizer, mas de facto um reles mentiroso.
Vejo-me obrigado a tornar público este desmentido porque, se tivesse feito aquilo de que sou injuriosamente acusado, teria cometido um grave incumprimento do meu dever de Presidente da Agência Nacional para a Qualificação. Dever esse que em nada colide com o que fiz, a não ser que o vereador esquerdista do PSD alinhe pelo princípio da sua ex-líder partidária que um dia expressou o desejo de suspender a democracia, nomeadamente impedindo-me de ter voz e acção política no meu partido, como cidadão e militante que sou.
Não pretendo polemizar com alguém que não possui estatura para merecer, sequer, o meu respeito. A entrevista é eloquente sobre o tipo de pessoa que a concede. Mas sempre deixo duas notas finais. Em primeiro lugar, compreendo o mal-estar que as declarações de Passos Coelho sobre a Iniciativa Novas Oportunidades causaram à “arraia miúda” do PSD. Sobre isso nada posso fazer.
Em segundo lugar, quero deixar a nota de que se torna clara, ao longo da entrevista, a posição deste PSD acerca dos seus verdadeiros adversários no concelho de Vila Franca de Xira. Pela minha parte, sinceramente, agrada-me ser o alvo dos vitupérios com que Rui Rei resolveu distinguir-me. Mas o gozo que me dá não o dispensa de ter de provar o que disse.
Luís Capucha