Agosto 19 2009
Num jornal nacional publicado em Portugal apareceu recentemente uma fotografia de uma tal Geneva Cruz, cantora filipina (país, como todos sabemos, que serve bem de exemplo de rigor na defesa dos direitos humanos) que já terá sido considerada a mais “sexy vegetariana filipina”, no âmbito de uma campanha da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals). Na foto, a dita cantora aparece nua, apesar dos quartos traseiros estarem tapados com um cartaz dizendo “All Animals Have the Same Parts. Go Vegetarian”. A pele está decorada com dizeres que lembram aqueles quadros pendurados nos talhos a indicar os nomes das diferentes partes da carcaça de uma vaca ou de um borrego. A moça lá saberá quais são os seus referenciais de identidade. E a PETA tem a sua estranha forma de equiparar pessoas a bestas. Pela minha parte recuso-me a considerar os animais como se fossem todos iguais e ainda mais convictamente a tratar as mulheres como vacas. Mesmo quando elas acham que é assim que querem ser vistas. Luís Capucha
publicado por cafe-vila-franca às 19:02

Agosto 19 2009
1. Na página oficial do CDS-PP pode ler-se: “O CDS-PP e a CGTP manifestaram-se, esta segunda-feira, no final de um encontro na sede nacional do CDS, sobre desemprego, em total sintonia, considerando que há temas que precisam de ser debatidos e políticas melhoradas e ainda que os portugueses têm de ser uma prioridade.” Não é novidade esta consonância, só aparentemente estranha. Já recentemente, quando o PCP e a FRENPROF tentaram recriar com os professores o ambiente de ingovernabilidade que caracterizou certo momento da história portuguesa com que, saudosistas, ainda sonham, o Partido Popular, como o PSD e o BE, juntaram-se sem complexos à agitação contra as reformas no sistema educativo. Não se trata apenas de mero oportunismo político – todos querem cavalgar o compreensível descontentamento que as reformas sempre geram nalguns segmentos dos eleitores – com vista a atingir o objectivo comum da esquerda “queque”, da esquerda conservadora, da direita mais ou menos ao centro e da direita populista: derrotar o Partido Socialista. Estas convergências revelam que, para lá de todas as controvérsias e possíveis erros, apenas uma força política está neste momento interessada e se revela capaz de promover a modernização do país e enfrentar a contestação dos interesses instalados. Quer ela se manifeste na rua, quer assuma a forma de conspiração nas sociedades secretas. 2. Por falar em conspiração, não resisto a transcrever o que escreveu Ferreira Fernandes no Diário de Notícias de 19 de Agosto de 2009 a propósito da notícia do jornal “Público” sobre uma alegada vigilância do governo sobre a Presidência da República: “Estará o Palácio de Belém vigiado? (…) Se sim, lá ficam sem argumentos os que defendem o aumento dos poderes presidenciais porque ninguém ouve o Presidente. Estou a brincar com coisas sérias? Estou, mas nada se comparado com o silêncio do Presidente depois de um jornal sério ter dito que um homem do Presidente disse que o Presidente estava sob escuta. Um homem? (…) assessor da Presidência que insinua um crime contra um símbolo da Nação e não dá a cara não é homem não é nada. Um jornal sério? Sim, apesar de, nessa notícia, ao falar-se de “João Lobo Antunes”, se pôr uma foto de “Nuno Lobo Antunes” e, linhas antes, chamar-lhe “António Lobo Antunes” (…). (…) estou estupefacto. Estupefacto? Sim, e ponho aí também a palavra suspeita. Suspeita? Sim, para se irem habituando: durante dois meses é a palavra que mais vão ouvir”. Insinuações, suspeitas, calúnias, conspirações. Nada disso existe, está claro. Nem foi isso que impediu a esquerda do PS, liderada por Ferro Rodrigues, de chegar ao Governo. Nem tão pouco, com o caso “Freeport”, foi com esse tipo de armas que se conseguiu recuperar o PSD de uma triste imagem que a sua líder, porém, insiste em manter. 3. Em qualquer dos casos, sempre com o envolvimento do sistema judicial e policial (voltarei ao tema noutra ocasião) e da comunicação social, que de séria, em geral, apenas tem para apresentar umas poucas caras dos que ainda sabem o que é a ética jornalística. De resto…Um exemplo: em editorial de 18 de Agosto de 2009, José Manuel Fernandes, director do jornal “Público”, defende um programa americano para a educação que inclui, como um dos pontos relevados, a consideração dos resultados dos alunos na avaliação dos professores, para se poder distinguir os melhores 10% dos piores 10%, indiferenciáveis sem essa avaliação. Outras medidas poderiam ser referidas. Defendidas como imprescindíveis na apreciação das propostas de Barak Obama, foram essas mesmas propostas metidas no rol dos ataques quotidianos – e reveladores da cómoda combinação entre ignorância e impunidade que protege estes escribas a soldo – com que José Manuel Fernandes há anos vem perseguindo a equipa governativa do Ministério da Educação. 4. Sério, claro está, não poderia ser um jornal que abre o seu espaço de opinião a um tal Santana Castilho, cuja missão é destilar fel contra o mesmo Ministério, sempre da forma desmiolada e cretina que patenteia ao criticar, na edição de dia 19 de Agosto, a acção da Parque Escolar na recuperação de escolas que há décadas se degradavam sem qualquer esboço de protesto ou acção, como se a escola pública fosse para ir deixando cair – literal e materialmente falando – no pântano da vergonha dos resultados do sistema. Luís Capucha
publicado por cafe-vila-franca às 19:01

No Café Vila Franca, como nos cafés da trilogia de Álvaro Guerra, os personagens descrevem, interpretam e debatem a pequena história quotidiana da sua terra e, com visão própria, o curso da grande história de todo o mundo.
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