A lista A, alternativa à actual direcção do PS no concelho de Vila Franca de Xira, subiu muito significativamente a sua votação. Há dois anos a mesma lista tinha eleito (já então de forma surpreendente, dado o peso da concorrência) apenas 15 membros da CPC, contra 30 da lista B. Agora a relação foi de 20 para 25.
O meu sobrinho Luís Capucha Pereira, em cometário neste blog, diz que isso pouco significa, porque a ruptura dentro do PS é impossível. Eu concordo com ele num ponto: num partido reformista as clivagens ideológicas dificilmente serão radicais. Mas para produzir a mudança há que contar tanto com a ideologia como com a leitura correcta das possibilidades de a fazer acontecer. Como diria Marx, o importante não é contemplar a realidade e tecer sobre ela grandes considerações ideológicas mais ou menos dogmáticas, por exemplo, sobre o que é ser de esquerda. Geralmente, as teorias do tudo ou nada levam ao nada. Ou ao menos nada. Nada menos do que esquecer o que significa ser de esquerda: trabalhar no sentido de uma maior justiça social, de um melhor equilíbrio ambiental, de uma economia mais produtiva e mais responsável.
Não sou perfeito nem o são os outros membros da lista A. Também não diabolizo os da lista B. Apenas condeno o modo como se instalaram no poder e como o exercem a favor de interesses que não têm produzido bons resultados para o concelho de Vila Franca de Xira. E concluo a partir dos resultados das eleições que ainda há espaço para, trabalhando bem, fazer no PS aquilo que deve ser feito: levar o partido a ser o motor das reformas a favor de um concelho mais desenvolvido, equilibrado e sustentável. Muita gente percebeu que a alternativa hoje está mais clara: ou o PS muda para poder representar os interesses da população, ou o risco da direita ganhar as próximas eleições é muito grande.